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Primeiro de Janeiro,

Primeiro dia de verão

 

Janeiro

Tem uma hora por inteiro

 

Janeiro fóra

Mais uma hora

 

No primeiro de Janeiro

Sube ao outeiro

A ver o nevoeiro

 

Janeiro, Janeiro,

Põe-te no outeiro :

Se vires verdegar,

Põe-te a chorar,

Se vires terrejar

Põe-te a cantar

 

Em Janeiro

Sobe ao outeiro

Se vires verdejar

Põe-te a orar

Se vires terrejar

Mette-te a cantar

 

Em Janeiro

Vae ao outeiro

Se vires verdejar

Põe-te a chorar

Se vires alquevar

Põe-te a cantar

 

Trovões em Janeiro,

Nem bom prado, nem bom palheiro

 

Em Janeiro

Sete capellos

E um sombreiro

 

Em Janeiro,

Nem galgo leboreiro

Nem açor perdigueiro

 

Em Janeiro,

Um pouco ao sol,

Outro ao fumeiro

 

Obreiro em Janeiro

Pão te comerá

Mas obra te fará

 

Em Janeiro

Mette obreiro,

Mês meante,

Que não ante

 

Em Janeiro

Mette obreiro

Do meado em diante,

Que não antes

 

Agua de Janeiro

Todo o anno tem concerto

 

Uma inverna de Janeiro,

E uma sêcca d’Abril

Deixa o lavrador a pedir

 

Janeiro molhado,

Se não é bom p’ró pão,

Não é umau p’ró gado

 

Em Janeiro sécca a ovelha

Suas madeixas ao fumeiro,

Em Março, no prado,

Em Abril as vae urdir

 

Janeiro,

Geadeiro

 

Janeiro geoso,

Fevereiro nevoso,

Março molinhoso,

Abril chuvoso,

Maio ventoso,

Fazem o anno formoso

 

Da flor de Janeiro

Ninguem encheu o celleiro

 

A nodoa de Janeiro

Não tira o anno inteiro

 

Sol de Janeiro

Sempre anda atrás do outeiro

 

Sol de Janeiro

Sae tarde

E põe-se cedo

 

Janeiro quente

Traz o diabo no ventre

 

Qualquer ramo em Janeiro

Torcido está quedo

 

Luar de Janeiro

Não tem parceiro,

Mas lá virá o d’Agosto

Que lhe dará pelo rosto

 

Se queres ser bom alheiro

Planta os alhos em Janeiro

 

A pesca em Janeiro

Vale carneiro

 

O boi e o leitão

Em Janeiro criam rinhão

 

Pinto de Janeiro

Vae com sua mãe ao poleiro

 

Pinto de Janeiro

Vae pôr atrás do rilheiro

 

Pintos de Janeiro

Sobem co’a mãe ao poleiro

 

Os ovos que se deitam em Janeiro

Já vem a pôr no rilheiro

 

A gallinha de Janeiro

Vae pôr co’a mãe ao colmeiro

 

Quem azeite colhe

Antes de Janeiro,

Azeite deixa

No madeiro

 

O madeiro

P’ra tua casa

Corta-o em Janeiro

 

Em mingoante de Janeiro

Corta madeiro

 

Janeiro,

Poucos em sendeiro,

Um dia,

E não cada dia

 

Dia de S. Vicente

Toda a agua é quente

 

Vae-te embora Janeiro,

Cá fica o meu cordeiro

 

Vae-te embora, Janeiro,

Deixar-me-as Abrile Maio

 

O mês de Janeiro,

Como bom cavalleiro,

Assim acaba

Como na entrada

 

Calça branca em Janeiro

É sinal de pouco dinheiro

 

Bac’ra (=bácora) de Janeiro

Com seu pae vae ao fumeiro

 

 

 

S. Vicente       22 de Janeiro

 

 

Fonte :

Revista Lusitana, vol II, Livraria Portuense, 1890-1892, pp121-124

Tag(s) : #Tradições, #Antigamente, #Adagios
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